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domingo, 6 de março de 2011

Seagull




A minha geração dançou nesta plataforma, outrora uma discoteca ímpar, situada numa zona privilegiada da paisagem protegida da serra da Arrábida, projetada sobre águas límpidas.

A minha geração vinha de Lisboa, deixando para trás a 24 de Julho, o Bairro Alto, Cascais, a Costa da Caparica, a Kapital, o Kremlin, o Coconuts, o Pavilhão Chinês, o Bananas, o Alcântara-Mar, o Bora-Bora, o Tradicional Bar, o Waikiki.

A minha geração enfiava-se num carro e fazia 40 km para ir namorar para uma varanda onde ouvia rocalhadas noite fora, entre beijos com sabor a vodka ou a licor de café, com peixes frenéticos e luas brilhantes e brisas frescas e promessas sérias de ali regressar sempre.

Ontem, cumpri essas promessas.
Regressei.
Não com um dos amores da altura mas com o meu marido.
Conhecemo-nos 2 anos depois da Seagull ter sido consumida por um incêndio fatal.
Mas ontem, na plataforma que ainda existe, voltei a trocar beijos, a dançar, a sentir a brisa fresca... e a ter 18 anos :)

1 comentário:

Algures no Oeste disse...

Bem... Este texto poderia ter sido escrito por mim, sem tirar nem pôr...
Que belos momentos passei no Seagull com os meus amigos da Faculdade, da altura... E era isso mesmo, fazíamos quilómetros e quilómetros deixando tudo para trás em Lisboa.
O Seagull era mágico e posso dizer que fui muito feliz no Seagull. Não sei se te lembras que na altura até filmaram lá um anúncio...?
Infelizmente ardeu e assim parece que arderam também aqueles tempos...
Beijinhos :))